Sábado, 9 horas de uma manhã fria, estou sentada em uma sala de aula a alguns Km de distância de nossa cidade, esperando o início da aula. Já estamos na 6ª aula deste curso de pós-graduação e ainda me sinto meio “peixe fora d’água”. Quase todos por aqui, com exceção dos mestres, são tão mais jovens do que eu, têm várias graduações, carreiras consolidadas na área da Educação, enfim, grande bagagem de experiências. Eu sou apenas uma professora de educação infantil que não possui experiência em outra área e que, em apoio a alguns colegas que precisavam desta pós, resolveu lançar-se a este desafio.
O professor entra se apresenta e pede uma breve apresentação de cada aluno. Quando chega minha vez, acho que já deixo claro meus sentimentos de “peixe fora d’água”, mesmo sem querer. O que vem a seguir é uma pergunta que sugere a necessidade de mais uma vez ir à luta por reconhecimento:
__ Você sabia professora que no Canadá, todo professor de Educação Infantil é Doutor??
Fico sem palavras, é uma informação totalmente nova para quem há alguns anos atrás, ouviu de um secretário de educação que eu não precisava me graduar para cuidar de bebês.
O professor prossegue dizendo que no Canadá eles já sabem onde têm que investir para colher os melhores frutos no futuro. Um país de 1º mundo que poderia servir de exemplo para nossa grande nação emergente. Um país que está fazendo o que até mesmo Jesus recomendou, educando prioritariamente as crianças, para quem sabe no futuro não precisar punir os homens.
Conveniente este assunto, em uma semana na qual tomamos conhecimento de que o novo Plano de Carreira dos Profissionais de Educação de nosso município, não quer contemplar com nenhuma vantagem financeira o professor que se dispõe a ampliar sua formação.
Mas como todo bom brasileiro, que não desiste nunca, nós professores vamos continuar a lutar, mesmo porque, não faz muito tempo que vencemos uma batalha quando, nos reconheceram oficialmente como professores, portanto nada mais justo que sermos tratados com o devido respeito que todo educador merece, e por direito receber incentivos que nos viabilize estar em constante formação para melhor atendermos nossos alunos.
É necessário que se tenha em mente, que o bom trabalho é aquele que se está sempre sendo renovado, reformulado, reinventado e para isso necessitamos de constante formação, graças a um curso que leva em torno de 15 % do meu salário mensal como P.D.I.
Retornei para casa neste sábado muito cansada, porém com a auto estima elevada e o sentimento de dever cumprido.
E os senhores atuais representantes do povo Pirajuense, pais e mães, profissionais de todas as áreas que precisam de nossos serviços para cuidar, educar e ensinar seus filhos e netos, enquanto estão a desempenhar suas mais variadas atividades, o que acham da iniciativa do Canadá em estar reservando apenas os melhores para a educação Inicial?
Será que seus filhos não merecem também o melhor?
